Entenda conceitos sobre a quarteirização na logística, tendência presente em diversos setores do mundo corporativo
De acordo com o professor Reinaldo Dias, autor do livro Tópicos Atuais em Administração: Quarteirização, publicado em 1998 pela editora Alínea, estamos falando da evolução do processo de terceirização, em que o gerenciamento dos terceiros passa para uma quarta empresa. Em outras palavras, a quarteirização é a delegação da gestão administrativa das relações com os demais prestadores de serviços (terceiros, parceiros, fornecedores) temporários num determinado projeto (ou de uma carteira de projetos) a uma empresa especializada na coordenação destas ações. Definição essa retirada do site Contabeis.
Estamos falando de uma tendência presente em diversos setores do mundo corporativo. No campo da Logística não é diferente. A quarteirização já virou rotina para muitas empresas. Gülçin Büyüközkan, Orhan Feyzioglu e Mehmet Sakir Ersoy, pesquisadores turcos da área de Economia, publicaram em 2009 o artigo Evaluation of 4PL operating models: A decision making approach based on 2-additive Choquet integral, durante a Jornada Internacional de Produção Econômica, onde chamam a quarteirização de 4PL (Fourth Party Logistic). No artigo eles dizem que a atenção das empresas ao relacionamento com os integrantes da CS (Cadeia de Suprimentos) tem sido cada vez maior, principalmente com os PSLs (Provedores de Serviços Logísticos).
O professor Mauro Vivaldini, do Departamento de Administração da Universidade Metodista de Piracicaba, no artigo Terceirização, Quarteirização e Primarização Logística, publicado em 2015, afirma que as empresas de 4PL precisam ter uma estreita cooperação com os PSL tradicionais e empresas de tecnologia da informação. Vivaldini relata que o pesquisador Alan Win, um dos maiores especialistas do mundo em Logística, diz que os atributos que contribuem para garantir o sucesso de um 4PL são:
- Capacidade de gerenciar as atividades de vários PSL;
- Experiência na gestão e na integração dos diferentes agentes de uma CS;
- Experiência na gestão, redução e controle de custos;
- Entendimento da CS no setor especifico para o qual foi contratado;
- Capaz de prover serviços em níveis operacionais, táticos e estratégicos;
- Capacidade de coordenar a logística do dia-a-dia nos diferentes elos da CS;
- Prestação de contas simplificada e transparente;
- Capacidade de coordenar e fomentar melhoria nas relações entre os agentes com quem atua;
- Visão de gestão para atuar com incertezas;
- Capaz de atuar em mudança de processo, com conhecimento nas áreas de previsão e vendas e planejamento operacional;
- Rigor nos processos operacionais e gerenciais;
- Experiência em CS globais.
O professor Vivaldini lembra ainda que outro ponto importante para o 4PL é ter compreensão dos processos relacionados com a gestão colaborativa, uma vez que a colaboração com clientes e parceiros será essencial para coordenar as operações. É preciso também contratar um bom advogado para criar um contrato seguro, que proteja os interesses de todos os envolvidos.
E não podemos deixar de observar a necessidade de investimentos por parte do player 4PL em recursos de T.I. (Tecnologia da Informação), como o domínio de TMS (Transportation Management System) e WMS (Warehouse Management System). Sistemas de gestão complexos e caros, que exigem uma expertise bem pontual, tanto no segmento de transportes quanto no de armazenagem. Ou seja, um 4PL do setor de Logística precisa conhecer com profundidade as características dos PSLs com quem trabalha. Caso contrário é impossível administrar a CS com eficiência.
De acordo com o pesquisador Cláudio Ernesto Grutka Júnior, da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), citando o autor Marco Antonio Oliveira Neves, as principais vantagens da quarteirização são: redução de custos operacionais, menor imobilização do capital, melhoria no nível de serviço, flexibilidade operacional, transformação de custos fixos em custos variáveis, concentração em core business. Além destes benefícios também foram encontradas as seguintes vantagens: aumento da eficiência operacional; redução da dependência de investimentos em ativos e depreciação; redução do investimento em treinamento e mão-de-obra; transformação de empregados em empregadores; redução do passivo trabalhista; diminuição do custo com manutenção da frota-própria; menor rotatividade do pessoal; gerenciamento de risco reduzido; aprender a suprimir capacidade e custos de forma ágil e flexível; e por fim, reagir a crises financeiras. O professor Reinaldo Dias complementa esta lista, citando ainda como vantagens a transformação de muitos contratos em um único, simplificação das negociações, modernização, liberação de funcionários para outras atividades e o aumento da agilidade nas tomadas de decisões.
Grutka Júnior diz que, dependendo do caso, podem existir algumas desvantagens, como a perda do controle do negócio; a dependência demasiada nas parcerias com outras empresas; a possibilidade de assumir vínculos empregatícios e o aumento nos custos operacionais. Por isso é tão importante um planejamento prévio antes de implantar tanto a terceirização de serviços quanto a quarteirização de todo o processo logístico.
Estamos falando de medidas inteligentes, capazes de otimizar recursos de forma expressiva. Nos Estados Unidos o custo logístico do país corresponde a 7,7% do PIB. Na Alemanha esse número é 7,4%. No Brasil, infelizmente, 10,6%. Dados da KPMG Consultoria. Ou seja, precisamos tornar nossos processos mais eficientes. Isso pode ser feito dentro das empresas, é claro. Mas ao contratar terceiros e um quarto parceiro para gerenciar os serviços logísticos terceirizados a indústria ou a loja tem condições de se focar no seu real negócio, aumentando a margem de lucro. Lógico, precisamos também de investimentos estatais ou privados em infraestrutura para melhorar nossa rede de comunicações e de transportes em diferentes modais. Mas essa é uma outra história.
Para o pesquisador alemão Hans Klose as mecânicas de outsourcing e 4PL são inevitáveis. Ele diz que uma 4PL pode gerar uma economia de até 20% para a empresa contratante. Klose diz que o provedor logístico atua em toda a cadeia de suprimentos. Ele faz a integração do supply network, entra na produção do cliente, gerenciando a cadeia, explica o pesquisador. Na Europa, isso começou com as empresas de consultoria em logística, que passaram a fazer essa operação, complementa Klose, em entrevista ao site AMCHAM. Ele faz questão de frisar que a empresa quarteirizada normalmente não possui ativos, pois seu foco é a gestão de operações. Essa uniformidade da cadeia de comando reduz o ruído nos processos de comunicação, evitando perda de tempo e o retrabalho.
Klose afirma que um projeto de quarteirização passa por algumas fases como definição da estratégia (modelo de negócio), concepção (processos, sistemas, recursos), realização (change, interfaces, treinamento), finalizando com a go live (disponibilização ao público) e a operação do dia a dia. Ou seja, não é simples. Mas funciona!
Todas essas características podem impulsionar investimentos generalizados, graças a otimização já mencionada. Em que proporção? Isso por enquanto ninguém sabe. Mas com as mudanças impostas pela pandemia, muitas mudanças tecnológicas foram antecipadas e em breve devemos sentir esse reflexo positivo em nossa economia.
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(O texto acima foi escrito com informações dos sites revistamundologistica.com.br, revista.feb.unesp.br, bibliodigital.unijui.edu.br, www.amcham.com.br e www.contabeis.com.br)