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CD Centralizar ou Descentralizar?

Combinações de fatores que fazem toda a diferença nesta toma da de decisão

 

Esta é uma discussão acadêmica e profissional intensa nas áreas de Administração e Logística. Não existe um consenso. O que há é a análise de situações específicas. Cada empresa com sua realidade. Mas alguns aspectos podem ser analisados na hora de tomar tal decisão. 

     Se usarmos o SCOR (Supply Chain Operations Reference) como modelo de referência teremos que analisar cinco macro processos para optar entre a centralização ou descentralização dos CDs: Planejamento, Abastecimento, Produção, Delivery e Logística Reversa. Todas estas áreas serão atingidas. Mas, com certeza, o setor de Delivery seria um dos mais afetados, por lidar com os fluxos de entrega. 

     Ciente disso, o empreendedor deve ficar atento a sete pontos:

  1. Custos operacionais logísticos;
  2. Aspectos Fiscais; 
  3. Volumes negociados; 
  4. Disponibilidade dos produtos;
  5. Tempo dedicado à entrega;
  6. Índices de satisfação do cliente quanto ao processo de entrega; 
  7. E a qualidade dos produtos disponibilizados ao cliente final.

     Num primeiro olhar parece pura matemática. O que for mais racional do ponto de vista financeiro e célere no atendimento ao consumidor deve ser aplicado. Porém, é justamente nessa combinação de fatores que o cálculo cede espaço à subjetividade da análise de caso concreto. 

     É lógico que o custo financeiro tem um peso considerável nessa decisão. No entanto, tomar uma atitude que desagrade a clientela pode levar a empresa à falência.  Por vezes, é melhor enviar o produto de avião de um único CD para o cliente final do que ter uma rede de Centros de Distribuição espalhados pelo país, imobilizando recursos ou consumindo altas quantias em aluguéis. Por outro lado, dependendo do produto comercializado, estar próximo do cliente para realizar a estratégia de Same Day Delivery (Entrega no Mesmo Dia) pode agradar tanto os consumidores que as vendas aumentariam e os lucros também, dependendo do valor gasto na operação.

     De acordo com artigo publicado em dezembro de 2016 na Revista de Produção Online, de Florianópolis (SC) e escrito por Gilberto Marassi de Loiola Leite, Bruno Beiler, Carolinne Ferreira, Thomas Kors e Paulo Sérgio de Arruda Ignácio, todos alunos da UNICAMP, os pontos “que interferem no grau de centralização de estoques de produtos acabados numa cadeia de suprimentos podem ser resumidas em quatro características:

  • giro do produto: Produtos com alto giro absorvem parcelas menores dos custos fixos de armazenagem e possuem riscos menores de perecibilidade e obsolescência, portanto tendem a ser indicados para descentralização (TORRES, 2003; VIEIRA, 2009; WANKE, 2011); 
  • tempo de atendimento: Conforme os tempos de atendimento (tempo entre colocação do pedido e o recebimento pelo cliente) aumentam, tende a ser aconselhável uma descentralização visando agilidade. Deve-se avaliar se a abertura de um novo centro de distribuição mais do que compensa o custo de oportunidade de manter o estoque em trânsito que seria gerado com a centralização (TORRES, 2003; VIEIRA, 2009; WANKE, 2011); 
  • nível de serviço: Similar à análise que deve ser feita para o tempo de resposta, quanto maior o nível de serviço, maior será a tendência de descentralização visando localizar os produtos mais próximos do cliente (TORRES, 2003; VIEIRA, 2009; WANKE, 2011); 
  • custos unitários de aquisição: Quanto maiores esses custos, maior será a tendência de centralização devido ao elevado custo de oportunidade de manter esses estoques descentralizados (TORRES, 2003; VIEIRA, 2009; WANKE, 2011).”

     Mesmo tendo sido escrito há cinco anos, antes das brutais mudanças impostas pela Pandemia de COVID 19, a linha de raciocínio dos autores continua válida e com forte embasamento acadêmico. No mesmo artigo os alunos da Faculdade de Ciências Aplicadas da UNICAMP destacam o uso do Método AHP (Analytic Hierarchy Process), desenvolvido por “Thomas L. Saaty em 1980, que auxilia o processo de tomada de decisão dividindo o problema em níveis hierárquicos, com base no conhecimento e na experiência dos envolvidos na tomada de decisões (BELFIORE e FÁVERO, 2012).” Tal ferramenta está baseada na metodologia MCDA (Multicriteria Decision Analysis). 

     Entre estes multicritérios, destacam-se os apontados logo a seguir:

  • “custos de aquisição predial: são todos os custos envolvidos na aquisição do(s) CD(s) ou com os aluguéis dos mesmos; 
  • incentivos fiscais: a localização do CD central pode trazer benefícios ao total da operação ou, quando isso não for possível por razões de outra natureza, a rede de CDs pode trazer benefícios parciais relacionados às unidades que se instalaram em regiões onde o incentivo pode ser concedido;
  • estoque de segurança / manutenção de inventário: uma operação descentralizada tende a manter estoques de segurança totais (ou seja, o somatório de todos os estoques de segurança regionais) maiores do que o que seria demandado em um único CD. Além disso, ou talvez por consequência desta característica, os custos de manutenção de inventário também são maiores em distribuições que utilizam uma rede de CDs; 
  • custos administrativos e de pessoal: os custos administrativos são majorados em uma configuração de rede de CDs, tal como o custo de pessoal, uma vez que algumas tarefas e funções que são executadas de forma específica em uma única localidade, são replicadas para cada unidade: pode-se dizer que a estrutura centralizada é mais enxuta nesses aspectos; 
  • riscos inerentes à localização: é de se esperar que cada região esteja sujeita aos riscos que lhe são próprios, como os relacionados à segurança, ausência de mão de obra, incidências de desastres naturais, qualidade da infraestrutura pública, etc. Em uma rede de distribuição esse risco é diluído, mas justamente por isso aumentam as chances de ocorrência em algum ponto específico. Centralizando a operação o risco diminui, mas os efeitos de sua ocorrência tendem a ser mais danosos; 
  • desbalanceamento dos estoques: caso não haja controles eficientes e integrados, aumenta-se o risco de desbalanceamento de estoques em uma operação envolvendo várias unidades de distribuição. Cabe ao tomador de decisão analisar se diante de sua organização essa característica pode representar um problema; 
  • custos de frete: de forma geral, uma distribuição com origem em um único ponto gera custos de fretes fracionados de distribuição nacional, que normalmente são executados por transportadores terceirizados, pela necessidade de uma malha de distribuição mais capilarizada. Já para as operações regionalizadas os custos são compostos por fretes consolidados de transferência (cargas fechadas, que podem ser feitas até mesmo com frota própria) até os CDs, e a distribuição local a partir deste ponto. É preciso analisar qual composição é mais econômica, mas muito comumente a operação em rede possui custo de transporte menor; 
  • perecibilidade / obsolescência: se o produto, por características de sua própria composição ou mercado, tiver um reduzido período de durabilidade, seja por perecibilidade ou por obsolescência, é altamente indicado que sua disponibilidade seja mais ágil, o que é melhor garantido por meio de uma distribuição regionalizada; 
  • giro do produto: produtos de maior giro reduzem custos de armazenagem, mas demandam disponibilidade frequente e constante, e por isso uma estrutura de rede de distribuição é mais indicada para produtos com essas características; 
  • tempo de trânsito / disponibilidade de frota: operações centralizadas podem apresentar maior tempo de trânsito se a área de cobertura de clientes for bastante dispersa; 
  • risco de ruptura do abastecimento: como toda diluição de risco, o estabelecimento de vários CDs apresenta dois vieses: por um lado, o risco de uma ruptura no abastecimento é dividido entre os CDs, possibilitando até mesmo estratégias operacionais de atendimento entre as unidades no caso de alguma falha pontual e assim diminuindo o dano; por outro lado, a possibilidade de sua ocorrência é multiplicada pelo número de unidades, o que demanda ponderação sobre este aspecto; 
  • sensibilidade do mercado à prazo: há mercados em que a sensibilidade ao prazo de entrega é maior do que outros, como mercados que não administram estoques no varejo, ou com tipo de venda associada ao serviço, como autopeças, informática, etc. Outros mercados consideram a agilidade importante, porém esse não é fator decisivo ou gerador de custo, como confecção, calçados, livros, etc.; 
  • logística reversa: uma distribuição em rede aumenta sobremaneira a eficiência de operações de logística reversa, pela proximidade da estrutura com seus mercados consumidores, que facilita a coleta e pode reduzir fretes, se a intenção do retorno é um descarte específico, por exemplo.”

     Do trecho acima foram suprimidas as referências acadêmicas e algumas frases. Mesmo assim as observações dos autores são elucidativas para quem está na dúvida se deve centralizar ou descentralizar seus Centros de Distribuição. De novo, numa análise superficial, têm-se a impressão, principalmente no novo normal imposto pela Pandemia, que a estrutura descentralizada é melhor para atender o consumidor. Mas ela pode ter um custo maior de manutenção, com várias estruturas físicas e funcionários. Será que o cliente está disposto a pagar por isso? Depende do bolso do cliente e da pressa que ele tem. Sim. Ou seja, é preciso levar em consideração também o Público Alvo. Uma clientela prime é diferente de quem procura a internet apenas com o objetivo de economizar. Afinal para quem você está vendendo? Todos são bons consumidores. Possuem apenas perfis distintos.
Em contrapartida, uma estrutura com CDs centralizados, além de oferecer custos menores, é mais fácil de administrar. 

     Por fim, é importante destacar que o empreendedor deve ter em mente o que está vendendo. Qual a natureza do seu produto?  Os SKUs tem alto valor agregado? O grau de obsolescência é baixo? E qual é a margem de contribuição (a diferença entre custo e o preço final)? Dependendo destas e outras respostas o empresário saberá que estratégia adotar.

 (O texto acima foi escrito com informações coletadas nos sites producaoonline.org.br, ilos.com.br, everisbrasil.medium.com, bloglogistica.com.br e administradores.com.br .)