Implementar a Logística Reversa no Brasil apresenta alguns desafios consideráveis
Lei não se discute. O cumprimento dela se faz necessário. E no Brasil a Logística Reversa (ou Inversa, como alguns preferem) é regulada por legislação federal (também há regras estaduais e municipais sobre o assunto). Em 2010 a União promulgou a Lei 12.350, que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos e também publicou, no mesmo ano, o Decreto 7404, que regulamenta a PNRS.
No entanto, apenas alguns produtos foram mencionados no texto legal de 2010:
- agrotóxicos;
- pilhas e baterias;
- pneus;
- óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
- lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
- produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Estes foram, na época, considerados os produtos com maior impacto ambiental. Mas na verdade os problemas brasileiros nesse campo são muito maiores. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, em 2018 foram geradas 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos no país, sendo 40,5% desse total despejado em locais impróprios. Esse dado nos mostra o tamanho do desafio que enfrentamos.
Os produtos elencados acima não os únicos que contaminam o meio ambiente. Mas já é um começo saber que os legisladores tiveram algum tipo de preocupação com o destino final destas mercadorias após o consumo. Pena que os órgãos de fiscalização ambiental tenham poucos recursos no Brasil. A PNRS está em vigor pleno desde 2014, quando o prazo para a adaptação dos respectivos setores se esgotou. Mesmo com problemas no controle da legislação os segmentos citados têm procurado se adaptar, não apenas por conta das multas (que são pesadas), mas também devido ao julgamento público. O consumidor pode ser severo com quem gera dano ambiental.
No entanto, implementar a Logística Reversa no Brasil apresenta alguns desafios consideráveis.
- Divulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e da Logística Reversa: mesmo com 12 anos de existência poucas pessoas conhecem a PNRS e um número ainda menor sabe o que é Logística Reversa. Sem a divulgação do texto legal cobrar o seu cumprimento se torna difícil. Poucos são os veículos de comunicação que abrem espaço para esse assunto.
- Conscientização coletiva: o consumidor brasileiro ainda precisa ser educado quando o assunto é reciclagem. Ou seja, não basta saber que existe a Logística Reversa. É preciso também estimular as pessoas a aderirem a essa nova prática, separando o que, de fato, não é lixo.
- Pontos de coleta para a Logística Reversa: é dificílimo encontrar pontos onde o consumidor possa depositar lâmpadas fluorescentes, produtos eletrônicos, pilhas, baterias e pneus, por exemplo. Óleos lubrificantes e agrotóxicos já têm cadeias de Logística Reversa mais estruturadas, mas, mesmo assim, com alguns vazios regionais.
- Conflito de interesses: quem vende matéria-prima original não quer saber da concorrência de materiais reciclados, que normalmente são mais baratos, após a construção da cadeia reversa de suprimento. Isso acaba atrapalhando a implantação de projetos, que poderiam ser desenvolvidos pelos próprios fornecedores de matéria prima. Ou seja, o que aparentemente é um problema pode se tornar uma oportunidade de negócio.
- Desafios no transporte: o principal modal de transportes no Brasil é o rodoviário, responsável por 60% de tudo o que é movimentado em território nacional. Um modal caro, diga-se de passagem. Os produtos da Logística Reversa tem baixo valor agregado, portanto o transporte rodoviário encarece a cadeia de suprimentos. O ideal seria usarmos a navegação fluvial ou de cabotagem, que é pouco explorada em nosso país.
- Desafios no reaproveitamento: segundo o site techoje.com.br o parque industrial das cadeias reversas de reaproveitamento de produtos usados no Brasil caracteriza-se pela sua dispersão geográfica e por ser constituído por micro ou pequenas empresas, com intensivo uso de mão de obra e baixa tecnologia, redundando em produtividade também baixa. As estimativas mais recentes para o Brasil revelam que as capacidades existentes não serão suficientes para o tratamento das quantidades previstas pela PNRS. Processos de reaproveitamento com tecnologia e normas de trabalho adequadas, tanto quanto outros processos industriais, podem ser realizados com produtividade e sucesso empresarial. Normalmente os produtos que tiveram sua reciclagem ou remanufatura realizadas com rigor de processos e em condições corretas, apresentam custos inferiores aos produtos ou matérias primas originais e sua reintegração ao processo produtivo é o objetivo principal da PNRS.
- Custos da Logística Reversa: sim. Os custos operacionais da Logística Reversa são elevados. Vale a pena investir nisso, do ponto de vista financeiro? A longo prazo, vale. Mas tudo depende da escala envolvida. Ainda segundo o site techoje.com.br, algumas sugestões podem diminuir o impacto financeiro dessa implantação:
- Adequação dos projetos dos produtos às necessidades de reaproveitamento reduzindo os custos envolvidos. Isto envolve uniformização de materiais, redução de soldas e ligações permanentes, identificação das partes, uso dos conceitos de rastreabilidade, etc.
- Organização eficiente da rede de atividades da Logística Reversa: formas de coleta, transportes, localização destas atividades, processamentos intermediários, etc.
- Aumento das escalas de atividades em todas as áreas das cadeias reversas de pós-consumo propiciando melhores tecnologias, consistência e qualidade nas atividades.
- Implantação tecnologias de tratamento de resíduos sólidos com alto desempenho para escalas maiores.
- Destinação de recursos adequados para capacitação de mão de obra qualificada e recursos em equipamentos.
- Adequação de soluções e incentivos governamentais para áreas industriais e comerciais que estejam envolvidas com a execução de programas de Logística Reversa. Este aspecto é de vital importância na medida em que, além das conhecidas tributações redundantes que oneram muito os produtos reaproveitados e o seu uso posterior, seriam necessários incentivos em forma de financiamentos para melhorias tecnológicas, condições especiais de transporte, entre outras providencias e inovações necessárias a esta área, que poderá gerar um PIB de economia reversa considerável, além de apreciável quantidade de empregos.
Além dos itens mencionados na PNRS, devemos entender que o termo Logística Reversa se aplica também a devolução de produtos que os consumidores não gostaram ou que estavam com defeito. Ou seja, a experiência de consumo não chegou ao fim, pois algo interrompeu esse processo, como a decepção do comprador ou uma falha pontual do item adquirido. Hoje esse processo é feito em agências dos Correios ou nas lojas físicas. Abrir um canal de atendimento ao cliente para esse fim, que seja ágil e resolutivo, é fundamental nos dias de hoje.
Nós, da Águia Sistemas, podemos ajudar quem pretende construir estruturas para melhor processar os produtos da Logística Reversa. Nossos Sistemas de Automação podem ajudar na identificação dos itens produzidos e os Sistemas de Transferência da Águia Sistemas seriam muito úteis na separação das mercadorias, incluindo o lixo que não é lixo. Podemos citar como exemplo os Transportadores Motorizados, utilizando os modelos com Merge /Sorter, equipados com sistemas de sensores, para cada tipo de resíduo. Entre em contato conosco.
(O texto acima foi escrito com informações dos sites saniplanengenharia.com.br, vgresiduos.com.br, soluciona.com.br, approach.com.br e techoje.com.br)